Estilhaços (no bom sentido...) Ainda a propósito dos últimos posts da Charlotte, duas notas breves. A primeira, o que me parece uma ilustração perfeita para o conceito de misoginia (contra as aparências?). Don Giovanni, ou ohomem que não gostava das mulheres: Eh! Consolatevi; non siete voi, non foste e non sarete né la prima, né l'ultima. Guardate: questo non piccol libro è tutto pieno de ' nomi di sue belle; ogni villa, ogni borgo, ogni paese è testimon di sue donnesche imprese. Madamina, il catalogo è questo delle belle che amò il padron mio: un catalogo egli è che ho fatt'io; osservate, leggete con me. In Italia seicentoquaranta, in Almagna duecentotrentuna, cento in Francia, in Turchia noventuna, ma in Ispagna son già mille tre. V'han fra queste contadine, cameriere, cittadine, v'han contesse, baronesse, marchesine, principesse, e v'han donne d'ogni grado, d'ogni forma, d'ogni età. (...) purchè porti la gonnella voi sapete quel che fa. W. A. Mozart (1756-1791), in Don Giovanni, libretto de Lorenzo Da Ponte, I acto, cena V. A segunda nota vem na sequência das discordâncias acerca das afirmações contidas nos clássicos, tantas vezes tomadas como aforismos imbatíveis na veracidade que encerram. Acontece que me lembrei de uma dessa frases, de que aliás gosto muito, mas que "esquece" o seu reverso. Omnia vincit amor, de Virgílio, não nos pode distrair de uma outra verdade: o amor, se vence tudo pela chama que encerra, também pode ser vencido, leia-se destruído, apagado pela água gélidada ausência de retorno. Parafraseando a inscrição constante na tela de um contemporâneo, old flames can become dead matches, in due time. --------