Praise the Lord (algumas
Praise the Lord
(algumas boas razões)
Alguém me dizia, com graça e alguma perplexidade à mistura, que a forma como lhe tentava explicar o que era, para mim, a força e o sentido do amor, lhe fazia lembrar, em entusiasmo comunicacional, os pregadores evangelistas norte americanos, sorridentes e convincentes, falando com uma alegria contagiante de algo que tantos de nós não conseguimos sentir, quanto mais entender (e era o caso). Lembrei-me disto porque, mesmo nos dias que se adivinham menos promissores em alegrias, podemos ser presenteados com o toque mágico da felicidade: ver nascer um sol púrpura e estonteante no céu límpido e sem lua; poder abraçar (ou pelo menos falar com) as pessoas que mais contam para nós, antes de fazer qualquer outra coisa; ouvir uma belíssima gravação de Lieder und Gesänge, de Mahler (1860-1911); tomar um café inesperado, sem ser necessária qualquer produção de imagem nem artífico de consumo, com alguém de quem gostamos mesmo muito e que nos procura manhã cedo só por isso mesmo. Confirmar um encontro para breve com um ser magnífico, que escreve muito, muito bem, ri com inteligência, olha a partir do céu e ilumina a vida de quem passa perto. Não é pouca coisa, garanto.
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Publicado em 20 de Janeiro de 2004