Poema (para J.) P O V O A M E N T O No teu amor por mim há uma rua que começa Nem árvores nem casas existiam antes que tu tivesses palavras e todo eu fosse um coração para elas Invento-te e o céu azula-se sobre esta triste condição de ter de receber dos choupos onde cantam os impossíveis pássaros a nova primavera Tocam sinos e levantam voo todos os cuidados Ó meu amor nem minha mãe tinha assim um regaço como este dia tem E eu chego e sento-me ao lado da primavera Ruy Belo (1933-1978), in Aquele Grande Rio Eufrates, Lisboa, Editorial Presença, 1996 (5ª ed.) --------