Duas semanas depois... Ficamos a
Duas semanas depois...
Ficamos a saber que o (improvável, não parecia?) Primeiro Ministro que nos vai calhar em sorte( no sentido mais aleatório do termo, já que nada de bom se pode esperar dali, e que foi por mero totoloto europeu que a criatura ganhou a terminação...) é um quarentão bon vivant, sem nada que o recomende para a função (a não ser que o Conselho de Ministros passe a reunir no Lux, por entre mulheres plásticas e homens nulos), apoiado pelos que, no seu partido (que palavra adequada, meu deus!), tremeram ante a retirada rápida do prato de lentilhas que se preparavem para degustar por mais dois anitos. O rapaz agora sorri pouco frente às câmaras (está institucional, claro), e lá declarou a Judite de Sousa, ponderado e cuidadoso, que prefere que lhe chamem Don Juan que Don Quixote. Não me parece que tenha estaleca para ser nenhum deles: Don Juan? Gregorio Marañón criou um personagem mais complexo - não se tratava propriamente de desistir de relações emocionais (?) como quem muda de camisa (para seguir a moda, bem entendido); e Don Quixote nunca poderia ser, porque Cervantes descreveu um nobre em busca de valores num mundo em que as coisas já tinham mudado. Não, na verdade nem don juan nem don quijote: a única figura que assenta bem ao futuro senhor PM, de acordo com as provas dadas, é mesmo a de moinho de vento...
--------
Publicado em 10 de Julho de 2004