Próximo do paraíso   Desde que me lembro bem, as férias foram o espaço mágico para o que gosto de fazer há mais tempo: ler, ler (quase) sem interrupções, de modo omnívoro, com notas breves em papéis soltos ou em cadernos que sobraram do ano escolar (a realidade "ano escolar" nunca saiu da minha vida, Deo gratia); vir da praia bem cedo, quando o mar ainda foi quase só o meu lago, e saber que todo o resto do dia, até a noite condescender na frescura, me pertence, cheio de palavras dentro. Houve aqueles anos da tese, os anos em que a leitura, mesmo nas férias (sobretudo nas férias...) tinha rumo certo, mas consegui sempre juntar livros que me deram prazer. Sorte maior, tive, por duas vezes na vida, um olhar muito especial de alguém a mostrar-me livros para somar aos que descubro: o primeiro, do meu avô materno, abriu-me as portas de livrarias e bibliotecas mal comecei a juntar as letras; ficou pouco tempo na minha vida, de forma visível, quero dizer, mas marcou essa estrada que nunca mais deixei. O outro, bem mais recente, mas ainda assim já antigo, sabe quem é. Sem eles, era muito menos feliz. --------