(relativa, in memoriam, em dia de nevoeiro) Não a movia qualquer desejo de ajuste de contas, nem com a vida, que se limitara sempre a fazer-lhe as vontades, nem com o homem que a tinha mantido numa dependência afectiva espúria com dotes de prestidigitador. Tinha bem presente que não pode haver sedução sem a cumplicidade do visado. Tinha sido vítima, sim, mas de si própria. Uma típica “mulher que ama demais”, pensou, lembrando-se do livro que lhe tinham oferecido como receita para a liberdade. Mas tinha havido tanta dor escusada, tanto tempo inútil… Pagar para ver pode ser um caminho certo para a penúria, sim.