O projecto de publicação da maior parte dos textos do modus em livro, a curto prazo, tem-me imposto a releitura de tudo o que constava em arquivo, desde os idos de Maio de 2003. A violência do reencontro com aquelas palavras não foi mitigada pela distância no tempo. Reviver o que originou toda a irreprimível rebeldia face a uma aridez detestada e, mais do que isso, perceber a tremenda persistência que conduziu até ali, é um tanto devastador. Por outro lado, a memória fica refrescada, sem tentações de "dourar o retrato", armadilha usual do tempo. Ter pago para ver foi caro, por vezes até ao excesso, à insolvência desmedida, mas fez sentido naquela vida. Falta pouco para chegar ao fim desse passado recente. E depois, uma questão outra: como escrever sobre a ausência da dor? Como construir uma reflexão simétrica sobre a serenidade? A ataraxia não tem estória(s). O modus, na sua nova casa, será cada vez mais uma simples matéria de gosto, e não um potente canal catártico, contra toda a desesperança, espelho da ausência de resignação. Que farei com este espaço?