Quem escreve quer morrer, quer renascer num ébrio barco de calma confiança. Quem escreve quer dormir em ombros matinais e na boca das coisas ser lágrima animal ou o sorriso da árvore. Quem escreve quer ser terra sobre terra, solidão adorada, resplandecente, odor de morte e o rumor do sol, a sede da serpente, o sopro sobre o muro, as pedras sem caminho, o negro meio-dia sobre os olhos. António Ramos Rosa