Como é que se aprende a persistir, neste tempo de toccata e fuga em que qualquer cansaço é um incómodo letal, qualquer beliscadura no fragilíssimo ego configura um hematoma indelével? Como é que se consegue construir sem ficar o tempo suficiente, se não se suportar o joio para fruir o trigo? Como é que se consegueconvencer as almas fatigadas, os corpos já desistentes, de que o caminho se faz andando? Como é que se vence a tentação da ruptura amigável e civilizadaao menor confronto, como é que se escolhe ficar quando partir tem tantos caminhos em aberto? O tempo é condição sine qua non da felicidade, embora certamente não a garanta por inerência. Como saber ser feliz em continuum, para lá das humanas contingências, para não suscitar o fremir da partida fácil, em si ou fora? Como resistir ao ar do tempo?