Guardam as tardes
Guardam as tardes, o silêncio
tranquilo e tolhido de movimento.
Habitam os homens
que precedem as partidas,
também tranquilos.
Que se vestem com acenos
na calma do momento.
Recordam os corpos calados
que se encurtam ferventes.
Que abertos nas costas
têm o peso da água.
Salpicam as horas graves.
Multiplicam-se no frio inerte da memória.
Julgam-se libertos, os homens,
com as palavras na expressão implacável
do entardecer dos passos últimos.
Nuno Travanca
Publicado em 24 de Outubro de 2005