Poema de Natal No começo não havia noites, só uma amálgama de cores ainda por definir como a incerteza das sombras sobre um verso inacabado. Depois alguém inventou a escuridão caiada de estrelas e um silêncio coberto de sol ou outra forma de dizer que há sempre dois caminhos para quem não quer ficar a ouvir o rumor perfumado das magnólias quando abrem. Depois veio a noite dos reis magos, do menino e da manjedoura, da última vez em que fomos crianças. E vieram as noites de Dezembro, onde o tempo passa sem fazer sombra e já esqueceste em que lugares crescem os musgos. No fim, só restará uma noite, aquela onde regressas ao segredo do poema. Sandra Costa