Na noite vidro, um brilho de fósforo: azul. Ouvi dizer que as estrelas são as moradas dos mortos, irradiam assim alguma possibilidade?... De qualquer modo saem dos nichos os algozes que nos torturarão ao longo de uma vida inteira... «Como te chamas ?», pergunta-se para haver resposta. Descem com os grandes farricocos de Lua esgazeada, sem O. V. N. I. de seda que lá nos possam flutuar e vogam só as capas de morcego sobre os olhos. Sigo-os eu até às suas pernas clandestinas, dançam já e cortam-me a cabeça- para quê voar dêem-me aquele pouco de loucura de ser mais um zombie por aquj, pois a minha vida é apenas «for the moment» e todo o meu destino-1800 é navegar de cartola e bengala na mão de ferro com castão lunar na gravidade destes sonhos. Penso, penso em ti, como é o teu nome de cabelos? Como procuras a tua morada sob as pontes ou espreitas nas chaminés da grande fábrica que se ergue no teu castelo de colina? Mas danças, mas não ris, eu pelo meu lado já vendi a minha alma a Belzebu, e as crateras dos teus olhos são tão belas... muito mais do que um olhar se espelha nelas, os espectros que assim descem das estrelas lá os vejo a bailar, a afeição que um dia a mim também me deu a mão... Alexandre Vargas