Valsa da desilusão
Chegas-te assim, de manso, nesse abraço,
E a outra que há em mim quando não estás
Divaga nos teus olhos à procura
Dest' outra que te pede que não vás
E esse afago doce, lentamente
Vai diluindo a minha identidade
Doutra que fui em tempos, desde sempre
Suspensa num suspiro de ansiedade
E a que vou sendo agora que me deixo
Na valsa a contratempo ser levada,
Dançando entre compassos de desejo
Esgrimindo devaneios neste beijo
Odes lançando ao ar atordoada,
Deixa antever, fogosa do que almejo,
O ser que fui, fugindo na alvorada
Ana Paula Zeferino
Publicado em 9 de Janeiro de 2006