Noturno
Alguém que me falou de amor
imaginou na noite dos corpos
a solidão a fluidificar-se
nas ancas da mais fecunda borboleta.
Nas noites há apenas o erotismo
das palavras por florir
um corpo à espera de um casulo
num aconchego de crisálida
o sono de beber a boca-fonte
líquida pura
tremer
até à última metamorfose
depois voar não importa para que flor.
João Martim
Publicado em 12 de Março de 2006