Reclusão
Quem me dera rasgar o coração com uma navalha,
encerrar-te lá dentro
e voltar a fechar o peito,
para que dentro dele tu estivesses,
para que em mais nenhum tu habitasses,
até ao dia da ressurreição e do juízo final.
Assim viverias comigo enquanto eu existisse,
e assim ficarias, entre as dobras do meu coração,
mesmo depois da minha morte,
rodeada pelas trevas do sepulcro.
Ibn Hazm, trad. David Mourão-Ferreira, in Vozes da Poesia Europeia, Colóquio Letras nº 163.
Publicado em 1 de Abril de 2006