As sombras do amor
                (gentileza de Amélia Pais)
Quem arranca de noite o coração do peito deseja a rosa. 
Pertencem-lhe a sua flor o seu espinho. 
A esse põe ela a luz no prato, 
com o seu sopro enche-lhe os copos, 
só para ele sussurram as sombras do amor. 
Quem arranca de noite o coração do peito e o arremessa ao alto: 
não falha o alvo, 
apedreja a pedra, 
a esse bate-lhe o sangue fora do relógio, 
o tempo faz-lhe soar na mão a sua hora: 
pode brincar com bolas mais bonitas 
e falar de ti e de mim 
Paul Celan, tradução de João Barrento.
            
            Publicado em 25 de Maio de 2006