Chamam destino ao rifão do acaso e chamam à fraude boa fortuna. Crêem no Batman e na Virgem Maria. Duvidam do frio, não da polícia e nunca dão crédito àquilo que vêem. Reservam a tempo um lugar na geral, põem o pé entre duas ciladas e ficam a rir-se nas fotografias. Sujam a roupa tal como nós, mas mandam-na sempre a lavandarias que sabem tratar dos casos difíceis. Nunca dão ponto sem antes o nó, mas fazem um laço por cima do nó. Compram revistas de aval científico em cujos artigos se prova o seguinte: é quase impossível determinar se é falsa uma lágrima ou se é verdadeira. Depois, jantam em grupo, falam dinheiro, guiam a vida por grandes veredas e ouvem sininhos, muitos sininhos de música sacra. José Manuel Silva