(em memória de uma rapariga que incensou a madrugada) A manhã com as suas proibições na tua fala. A claridade estava a crescer numa cama que já se tinha atravessado no escuro como uma nave enfileirando para a guerra. Eu não tinha ficado para conhecer a vista das tuas janelas: imaginava um pátio riscado por ervas mas não cheguei a levantar as persianas. Talvez fosse um sítio ao qual não se pudesse regressar porque quando falávamos os nossos olhos não coincidiam com nenhuma palavra. Teria gostado de te levar comigo outra vez mas era difícil recuperar as razões para o desejo. E no caso de nos ter acontecido uma mudança onde é que havíamos de procurar os seus indícios? Estavas a dar de comer aos peixes e eu só falava em livros. Rui Pires Cabral