Hoje é um dos meus dias redentores. Afortunamente, tenho dois por ano - dois dias de clareza meridiana, que mostram como tudo o resto é menor, por muito que conte. São dois dias dedicados a "santos populares", na redescrição cristã das festas milenares que assinalam a pujança do solstício de verão. Hoje é dia de S. João Baptista, assim referido porque baptizava nas águas do Jordão; é uma das figuras mais respeitadas da história judaico-cristã e a sua vida é também admirada pelos muçulmanos. Envolve-o uma aura de homem bom, num sentido universal e muito mais vasto que o da santidade da Igreja Católica. Dentro em pouco, a 29, será dia de S. Pedro, chamado "príncipe dos apóstolos", figura com uma importância central na teologia católico-romana, pelo papel estruturante que teve na construção da ideologia cristã, pedra de um edifício que desenhou a civilização ocidental. Na minha iconografia pessoal, estes são dias fundadores, por duas razões "cruzadas": hoje, o dia do Pedro; a 29, o dia do João. Dias maiores.