Cenário
(gentileza de Amélia Pais)
Eis a estrada, eis a ponte, eis a montanha
sobre a qual se recorta a igreja branca.
Eis o cavalo pela verde encosta.
eis a soleira, o pátio, e a mesma porta.
E a direcção do olhar. E o espaço antigo
para a forma do gesto e do vestido.
E o lugar da esperança. E a fonte. E a sombra.
E a voz que já não fala, se prolonga.
E eis a névoa que chega, envolve as ruas, move a ilusão de tempos e figuras.
- A névoa que se adensa e vai formando
Nublados reinos de saudade e pranto.
Cecília Meireles, em O Romanceiro da Inconfidência
Publicado em 8 de Novembro de 2006