É fácil não se gostar dela, mesmo admitindo que escreve bem, porque o elitismo snob lhe é demasiado frequente, tocando sem suavidade as raias da arrogância em dias mais agrestes. Sabe-se que leu romances e tem escrito muitos artigos, milhões de caracteres que chegavam para atapetar um mundo quase tão vasto como o que pretende seu, sem adivinhar que não é de ninguém. Mas é inegável que, de vez em quando, tem a capacidade liminar de apontar,certeira, ao âmago da questão. Clara Ferreira Alves escreve, na revista Única de 16 de Dezembro passado, uma crónica intitulada "Jorge Nuno e Ela" na qual diz o que há dizer sobre otema que preencheu tanto espaço mediático. Citando uma das frases mais lapidares: "Se Carolina tiver entretanto recebido os seus direitos de autor, e se a Dom Quixote foi generosa nas percentagens, terá dinheiro para pagar a advogados que a salvem do embrulho penal. Do que não se poderá ser salva é de si mesma, nem da sua colossal amoralidade." Nem mais.