Catar palavras tentar achar o lugar certo de encaixá-las fazê-las parecidas com o sol ou simplesmente seduzidas pela lua. A poesia é isso. A árdua tarefa de juntar o que não faz sentido... como a vida que a gente pensa que leva, mas leva a gente. Só isso. Se hoje sou triste, pouco importa. Daqui a pouco, sento-me diante da máquina e vou tecendo alegrias inventadas. Se estou insone, coloco um filme longo e chato e logo transformo a fita numa canção de ninar. No mais, nada. Uma saudade, talvez, que vem de longe, que encolhe dentro de mim e, sem que eu possa fazer nada, ecoa pela casa. Poetas, poetas... são almas penadas neste mundo repleto de Cidades de Deus, de comícios, farpas. São os olhos cegos do amor que perdemos na esquina, a dura e intrigante abnegação de si mesmo. O resto é pó. Pó de palavras queimadas pela falta de ouvidos e assuntos, pó de móvel esquecido de limpar e eu nada sei sobre poemas e poesias, apenas costuro letras como se tocasse uma canção inaudível. Iza Calbo