(gentileza de Amélia Pais) Posso escrever um poema todas as noites Descalçar os sapatos, pôr os pés no parapeito Ao fresco da noite, dos choupos, dos pinheiros Posso abrir um livro, fumar um cigarro Enquanto os olhos vagueiam, posso interrogar-me Sentir a culpa ou o devaneio Um riso ontem, a dor de estar longe Mas o mundo irremediavelmente Não me cabe na caixa do correio Tampouco o amor. E posso literalmente fazer de conta. Carlos Bessa