O que foste, serás na hora que vem, Que já não te verá como eras ontem, Assim como serei novo, sem ser Em nada diferente do que fui. Este amor que ora provo (tão amargo), Embora se desfaça no amanhã, Fluirá para sempre um amargor... É o resíduo que fica, a que chamamos Saudade, que saudade é tão somente O que fomos, sem ter porém aquilo Que nos falta, e que tanto tivemos. Assim seremos ambos, quando o tempo Nos levar para longe, reduzidos Naquilo que tivemos, sem perdê-lo. Jorge Medauar