(gentileza de Amélia Pais) Somos o tempo. Somos a famosa parábola de Heraclito, O Obscuro. Somos a água, não diamante duro, a que se perde, não a que repousa. Somos o rio e somos esse grego a olhar-se no rio. A sua imagem muda na água do espelho entre as margens, no vidro que varia, fogo cego. Somos o rio vão, predestinado rumo ao seu mar. De sombra está cercado. Tudo nos diz adeus, tudo nos deixa. A memória não cunha moeda lesta. E no entanto há algo que ainda resta e no entanto há algo que se queixa. Jorge Luis Borges