Estás no verão, num fio de repousada água, nos espelhos perdidos sobre a duna. Estás em mim, nas obscuras algas do meu nome e à beira do nome pensas: teria sido fogo, teria sido ouro e todavia é pó, sepultada rosa do desejo, um homem entre as mágoas. És o esplendor do dia, os metais incandescentes de cada dia. Deitas-te no azul onde te contemplo e deitada reconheces o ardor das maçãs, as claras noções do pecado. Ouve a canção dos jovens amantes nas altas colinas dos meus anos. Quando me deixas, o sol encerra as suas pérolas, os rituais que previ. Uma colmeia explode no sonho, as palmeiras estão em ti e inclinam-se. Bebo, na clausura das tuas fontes, uma sede antiquíssima. Doce e cruel é setembro. Dolorosamente cego, fechado sobre a tua boca. José Agostinho Baptista