Salva-me agora, não desta morte ou de outra mas de ir vivendo assim seguramente sem música nem arte, e com o amigo ausente. No escuro ainda levantei-me e vi a antiga madrugada que nascia leve e primeira com a luz macia. E quem me ouvia, se não os mortos mansos e generosos sob a lousa fria? É certo que sonhei que me deixavas amar e ser amado, como quem sem mérito nem rosto me fizeste; mas era de cantor que me mandavas às portas da cidade ver arder o dia. António Franco Alexandre