O corpo desconhece-nos E quem conhece o corpo na sua dinâmica indolência? Será que podemos ascender a coroa cerebral e em pura recepção sermos o todo do ignoto ser? Poderemos acaso consumá-lo num conhecimento que seria também o seu e o encontro a nudez do uno a pura plenitude? O homem constrói máquinas casas e sistemas mas ignora as possibilidades naturais com que poderia construir uma vida nova Ele desconhece a matéria materna que não se destina a ser manipulada ou arrancada a si mesma porque é o irredutível elemento do seu ser e a irredutível fonte que o erige e o move e o alimenta Quando erguerá ele o feixe solar das suas veias e iniciará a era da harmonia da unidade livre no centro dos seus poderes corporais para que a eterna adolescente adormecida sobre o dorso da terra abra o leque das suas falanges delicadas e o aceite no seu leito onde o mundo começa? António Ramos Rosa