Cartilha de Mar
O livro de marear
abre amarguras
singra madrugadas:
náufragos ressoam
e escuto as pisadas aspérrimas
do medo.
Vem do horizonte
e me carrega
um poema de caniços
troncho,
meio jangada,
meio meu jeito esquerdo
neste mundo tão destro.
E, em atonia retorcida,
retorno
ao que fui, aos tropeços
com os nervos do silêncio
arrepiando
o mar.
(O coração do mundo
apertado no peito)
O muito e o depois
soam
em brevidade última.
Elizabeth Veiga
Publicado em 14 de Dezembro de 2007