Última Estação III
O homem é frágil e sedento como a erva,
Insaciável como a erva, e os seus nervos são raízes que alastram.
Quando é tempo de colheita,
Prefere que as foices silvem em seara alheia,
Quando é tempo de colheita,
Uns gritam para esconjurar o demónio,
Outros perdem-se nas riquezas, outros peroram;
Mas, esconjuros, riquezas e retórica,
Quando os vivos estão longe, de que servem?
Talvez o homem seja outra coisa?
Talvez não seja isto que transmite a vida?
Há um tempo para semear, há um tempo para colher.
Giórgos Seferis, tradução Manuel Resende
Publicado em 6 de Fevereiro de 2008