neste inverno queimei no lume a lenha do coração a língua sangra ao bater nos dentes e assim o espaço todo pode entrar em nós. Eu sei como o ar se ilumina: quando ausentes vive para além de nós a luz que respiramos e jamais morre o que amanhã amaremos. Eu sei de obscuros lugares onde é possível viver-se morrendo mas agora eu contemplo-te submersa num espelho de água porque quando amas eu vejo-te: estás sentada nas escarpas do sonho quase dormindo preparando-te para essa morte Manuel Silva Terra