Duas bocas descobrem o veludo incandescente e saboreiam o sabor perfeito de um fruto liso que é um sumo do universo. Com a sua espuma constante os amantes tecem uma abóbada leve de seda e espaço. Vivem num volume cintilante o presente absoluto. Corpos encerrados em superfícies delicadas abrem-se como velas vermelhas e o calor brilha, clareiras acendem-se numa tranquilidade branca, os olhos embriagam-se de míriades de cores e todos os vocábulos são recentes como o orvalho, Criam a origem pela origem, num corpo duplo e uno, transformam-se subindo morrendo em verde orgia, inertes renascem de onda em onda radiantes, reconhecem-se no vento que os expande e os dissolve, o mundo é uma brecha um esplendor um redemoinho. António Ramos rosa