Quente, o teu coração quente pulsa no lusco-fusco. Palpita em toda a casa deserta que nos vê. Galga as sacadas altas, corre nas avenidas. É o silêncio do amor que abre as veias na tarde... Quente, o teu coração quente, é uma estrela no escuro que a pele das tuas mãos prolonga em minha pele... quem te amou e é já morto renova a primavera. Oh! doce comunhão de desejo e infinito, de saudades e de céu, de paraíso e grito! Água clara e tremente a boca, a sede, a fonte. Flor de sangue à corrente o teu coração quente. Natércia Freire