Vens de noite no sonho sem pés entre páginas de gasta paciência quando a música findou e teu sorriso se desfez como um grão de pólen. Vens no veneno oculto de meus dias no silêncio dos meus ossos devagar arrastando em queda o nosso mundo. Vens no espectro da angústia na escrita inquieta destes versos no luto maternal que me devolve a ti. A escuridão desce então sobre o meu corpo quando o rosto da morte adormece na almofada. Ana Marques Gastão