I tudo o que possuis a alma, o pomar da lascívia a fome de palavras a sede de volúpia a sentença lavrada na poeira dos arquivos: tudo cabe, poeta, dentro de uma gaveta. II o olho da serpente passeia na treva o seu fulgor breve lambe o odor da presa entre folhas mortas mastiga as horas e uma ceia de besouros. III somos apanhados numa teia de mitos nada sabemos da alma e do logaritmo binário entre conchas e búzios baionetas e obuses a esfinge nos espreita nos decifra e devora. Francisco Carvalho