Chove a cântaroS
Esságua que sou mareja
pelos poros das paredes
de lodo verde.
Esságua que sou explode
por uma fenda de rocha.
Despenco e, por instinto,
procuro, ávida, os caminhos
dágua salgada.
Guerreira, água,chumbo,
estilhaço no alto o surdo
ribombo do meu poder.
Inevitável choque. Como
um espetáculo
de ziguezagues mortíferos,
desabo, aguaceira que sou,
com a sensação de entrega,
e gozo, embebida na doçura
da terra sedenta de mim,
que juntas parimos a vida.
Rita Brennand
Publicado em 10 de Abril de 2008