O não dito e já ignorado que se esconde à margem do sentido. O esquecido e logo reinventado que some entre os tons da manhã entretecido. O que visto, e logo descartado, emerge imprevisto em um grito. O grafado mas não compreendido que se furta à deriva do vivido. A brisa que não comunicada passa sem querer ser ouvida. A paisagem não litografada, a enseada que olhar nenhum revisa. O olvido do que sempre arquivado não guarda mais lastro dos vivos. O presente nunca registrado, tempo inócuo que a carne não cicatriza. Onda breve dentre muitas consumada que se arma contra todo imperativo. A fragrância há muito evaporada, ave rara que no ar desfila intangível. Uma palavra que, esquecida, vive à larga da folha que a mantém cativa. O mundo que nos lábios se deflagra e morre em um murmúrio não em um estampido. Rodrigo Petronio