Caminho
Ontem passei pela tua calçada
como quem passa pela vida.
O tempo seguia o seu antigo
cortejo — os seus números — e eu,
buscava o sentido que a vida oferece
aos que encontram a alegria.
Todos os anos passamos pelo dia
de nossa morte, como passa,
desavisada e cega, toda a gente
sobre toda calçada.
O futuro se dissolverá ante o mistério,
como um calendário perdido não deixará nunca de passar.
Alcancem o céu os transeuntes daquela
rua comum, por um dia, como em segredo,
pisam o tempo, ainda, ainda, ainda.
Barros Leal
Publicado em 27 de Junho de 2008