Ontem passei pela tua calçada como quem passa pela vida. O tempo seguia o seu antigo cortejo — os seus números — e eu, buscava o sentido que a vida oferece aos que encontram a alegria. Todos os anos passamos pelo dia de nossa morte, como passa, desavisada e cega, toda a gente sobre toda calçada. O futuro se dissolverá ante o mistério, como um calendário perdido não deixará nunca de passar. Alcancem o céu os transeuntes daquela rua comum, por um dia, como em segredo, pisam o tempo, ainda, ainda, ainda. Barros Leal