Amor — única síntese da vida. E o só se atinge por curvas, de viés: se se quiser amar — tem-se que conceder; se se quer ser amado — tem-se que denegar. Infunde náusea ou júbilo, sem meio-termo. Se às vezes satisfaz, quase sempre contraria: queremos reter o gozo — desliza na fruição; queremos deter a dor — se petrifica na mágoa. Põe um sentido à vida fugaz — por já passando; pospõe-lhe um sem-sentido constante — por presente. E nos larga no éter, sem referência e sem volta. Amante não se sabe o que fazer com esta graça. Amado não se sabe o que fazer com esta fonte. Triste: só o não-amante sabe ser amado. Pedro Lyra