Fazer o que todos pensam e não fazem, o retorno se faz leve aos que esquecem os caminhos trilhados e se perdem em novas trilhas desconhecidas em descobrimentos ir embora aos poucos no refazer as lembranças e desfazer o tempo passado entre um ato e outro desconsiderar as possibilidades nas felicidades desencontradas onde estava; registrar a cena sobre o muro divisório das duas vidas: a estrada se sucede em esparramada terra sobre os ossos do ofício desfazer o que chama tempo subdividindo-o em etapas alternadas de ir e voltar, enfatizar o ir, desdobrar as voltas, tornar longe o que teve de início em cada pôr do sol ter em mente o cansaço do corpo, nada ultrapassará a sua memória nem atrapalhará o momento em que deitar o corpo ao relento e saber estar sozinho sobre as vozes ouvidas, desconsiderar os verbos - ações descabidas - e se distrair em adjetivos: o belo e o feio justapostos em momentos não voltar o corpo e seus olhos diminuirão as imagens anteriores; ir e voltar exige a concentração possível, tratar igual as possibilidades e retirar o escopo com que prenderá o corpo ao entrevisto: os perigo permanentes das margens e orlas; a lateralidade envolve questões maiores na precisão com que se destaca aos andares e andores de imagens esquecidas de suas sacralidades desse momento em diante o perigo é pouco provável, você estará à mercê do inconstante grito dos pássaros azuis - a gralha na passagem do carro - que levam as sementes entre o bico e a boca que se abre no grito; a semente fertilizará o solo em outra planta; na sua volta, plantação passada de árvores daninhas a se esconderem, fosse a floresta a mágica razão de o continente avançar em milímetros sobre a outra placa: os avisos são luminosos em enganosos dizeres e figuras refletir sobre o transitado caminho do desentendimento: afinal, quem é você que pára sobre o acostamento e pede carona ao norte e ao sul? a perdição entra pelos ouvidos em palavras impuras de certezas e o pedido de silêncio sobre a vida atravessada ao lado claro da razão para ser alcançada logo à frente ciente de que o aprisionamento é o maior castigo ao que sente aonde for, ter o sentimento aceso do passo certo e o registro de cada aceno ou abraço colhido pelo trajeto refaz o acontecido em filme caricato de canções e sopros sobre o rosto, a brisa encanta os poetas com o balanço das folhas, das cortinas e dos extremos ter como companheiro na volta ao ciclo a anterioridade com que alimenta seus menores anseios: retornar exige esforços continuados e o cajado ajuda na caminhada; nada dizer na chegada, todos saberão dos seus motivos e compreenderão o seu silêncio: o silêncio como bagagem. Pedro Du Bois