(gentileza de Jaime Roriz) Gritam ao poeta da revolução: “Seria bom ver-te a trabalhar num torno. Versos o que são? Simples adorno! Trabalhar não é contigo, se calhar.” Mas, para nós, Trabalhar É a ocupação favorita. Eu também sou uma fábrica E lá por não ter chaminés, Talvez Seja muito mais difícil. Bem sei Que não gostas de frases vãs. Cortar carvalhos, isso sim, é trabalho. E nós Não seremos também derrubadores de árvores? As cabeças das pessoas tratamos como carvalhos. Certamente Pescar é uma coisa respeitável, Lançar a rede e apanhar esturjões! Mas o trabalho do poeta é mais respeitável: Não pescamos peixe mas sim gente viva. Trabalhar na forja é trabalho violento, O ferro fundido bater e temperar. Mas quem é Que nos pode acusar de mandriar? Com a goiva da linguagem polimos as mentes. Quem vale mais – o poeta Ou o técnico Que conduz as pessoas para os bens materiais? Ambos. Os corações são iguais aos motores, A alma igual a um motor complicado. Somos iguais, Camaradas na massa trabalhadora, Proletários do corpo e da alma. Só juntos Remoçaremos o universo E com manchas poderemos vencer. Das tempestades verbais defenderemos o povo. Ao trabalho! O trabalho é vivo e novo. Os oradores fúteis, sem dó Ao moinho! À fresadora! Que a água dos discursos dê a volta à mó! Vladimir Maiakovski