Pastor já fui desse rebanho alado, Que pelos céus caminha, pensativo, A ruminar a grama azul do prado E a desmanchar-se em pensamento vivo. Pastor já fui de olhar perdido e calmo, Guardando as reses pelo campo etéreo, Entoei sobre a campina cada salmo De um livro que perdi sobre o mistério. Já fui pastor fora de certo espaço, Das loucas dimensões em que me banho, Não sei se é no futuro em que me abraço Ou no passado desse meu rebanho! Pastor já fui, hoje arrebanho a mágoa Do meu rebanho a desfazer-se em água. Paulo Bomfim