as mãos em concha
Depõe silenciosamente as mãos em concha
no alto de loucuras astrais pelo vago isoladas
Mas serve
no inevitável percurso quotidiano
as duras queixas que o amador amigo apresenta
regularmente
De inquebrantável desejo o adejar das águias
áleas esguias de serpentes escoando o medo
diante dos passos que acompanham
essas mãos.
Do cão forçosamente recto. Atento. Unilinear e
imerso
em cava escuridade de pressentimentos ocos
roucos sons de malogro.
Quando do violino se partiu a corda
os altos candeeiros estremeceram
e ferozmente se abriram as janelas
para as árvores sombrias no alto céu estrelado.
Eram assim os jardins dessa ignorada noite.
Vagueamos, parados, no doce canto do silêncio
soltando pérolas pelos lagos do lado
As sombras enrolam-se tu dizes sei
e o fantasma perde-se, voz impoluta
Serenamente vivo
a presença do canto
Maria Alzira Seixo
Publicado em 12 de Julho de 2008