II As flores vinham nela e era primavera mas tanto a nomeei e tanto repeti erros numa estratégia imprópria para ela tamanho amor expus que cedo a consumi A noite quando ao fim descer decerto há-de ser certa solução. Foi há muito a infância Ao tempo o que tu tens tu bem o sabes cede estendo as mãos talvez te fique a inocência A vida é uma coisa a que me habituei adeus susto e absurdo e sobressalto e espanto A infância é uma insignificância eu sei e apenas por a ter perdido a amamos tanto Estou sozinho e então converso com a noite das palavras que nos subjugam nos submetem As coisas passam e em vez delas é aceite o nosso sistema de signos onde as metem Esta minha existência assim crepuscular devida àquela que é rastos destroços restos acusa hoje alguma intriga consular de quem não tem cabeça a comandar os gestos Foi uma rosa rubra a autora desta obra aberta e arrogante grácil flor do instante que triunfante não há coisa que não abra para ferir quem a viu e morrer de repente E noite sou e sonho e dor e desespero mero ser sórdido e ardido e encardido mas já não tarda a abrir-se na manhã que espero um arco com vitrais aos vendavais vedado E embora a minha fome tenha o nome dela e da água bebida na face passada não peço nada à vida que a vida era ela e que sei eu da vida sei menos que nada Ruy Belo