A vida tem destes acasos literários: um comboio, dois livros e a pior das razões para nos apaixonarmos. Tenho vinte e dois anos e o equivalente em retratos teus -periféricos ou não- catalogados de acordo com as horas psicologicamente intermináveis do teu sorriso. O nosso amor é como o lado vazio de uma ampulheta, ou seja , inverso ao próprio tempo que não marca o surgir inesperado daquelas noites em que tudo acontece numa peça de teatro à qual nunca comparecemos. As tuas mãos são um jardim demasiado inconstante para fazer fila e esperar a morte. Tens seis letras no nome e antes que amanheça saberei em que lugar do meu corpo cada uma delas cabe. David Teles Pereira