Nela celebro o êxtase da terra o luminoso nascimento do mundo da carne a esplêndida Primavera quando tudo é vida e desejo fundo Nela celebro a beleza do dia um rio de seiva e sangue fecundo Nela celebro da selva a luxúria quando tudo é sede e prazer jucundo Ela é um fruto de carne da terra um canto azul no princípio de tudo Eu sou apenas a sombra que cerra o último crepúsculo quedo e mudo Sem a chamar aos pés ponho de sua casa de uma palavra o silêncio em brasa António Cândido Franco