Quero crer-me este sentido de longa memória branca. Sobre ele não lembrar, - ficar, ficar, no encontro de tudo em pouco: o tempo se refez no instante deste espaço, superfície, chão que nem me sustenta (dura sou, eu, e dura amargura é a minha). Não, não me lembrarei, seria pensar começos e outros fins - ó lunares lembranças, doridos passos (muitos fui acompanhando de longe e mais me pisaram aqui, ali, onde sei). Estou? Se estou me consentem os gestos e os movimentos? Nenhum ruído se atenta que dentro não fosse ouvido. E tudo em mim se repete enquanto durante e sempre a lembrança vai baixando a seu leito mais dormente. Os pensamentos seriam roteiros menos sofridos? Deixá-los que se solveram nestes noturnos tormentos da mente se procurando, da idéia, refluindo sobre dúvida, distância e certeza, aéreo marco de um repouso em si medido. Deixá-los. Deixar-me enquanto existe um consenso oculto. Pensarei que desvivi num limite-lucidez lá e, no entanto, aqui. Maria Ângela Alvim