Todos os idiomas da dúvida são meus mesmo com tradução mistério e enigma fazem parte do meu dicionário O verbo oceânico persigo conjugar o inefável, o intangível, o paradoxal: não elidir os contrários Se minha dicção é múltipla almejo uma sintaxe própria enquanto isso, soletro a ponte entre o efêmero e o estável Coar a nata do sentido para seu deleite o poema – o leite no copo – esperando pela interpretação Os buracos no texto, como borra de café, o seu deciframento A arquitectura da ficção, sua desconstrução Antes que se queixe ou interrogue, explico não é a forma nem o conteúdo do que lemos o que está aqui em cogitação é só a coisa em si, nada mais, nada menos Ana Guimarães