Um passo pra frente, dois passos pra trás assim me (des)construo tecendo e destecendo a trama de minha vida atribuindo-lhe novos significados, matizes, texturas Penélope de mim mesma Sigo veredas que não levam a lugar algum utilizo métodos que já se mostraram improdutivos aro terras inférteis rego sementes que não germinam Ouço profecias – utopias – de oráculos cegos acredito no canto das sereias Nada em vão, no entanto: como Sócrates, aprendendo uma ária com flauta enquanto se lhe preparavam a cicuta Pra que? Pra aprendê-la antes de morrer, só isso Estendo a mão para um vilão dou (mais) uma chance ao traidor amigo Como uma criança que de nada desconfia me doo para amores que não se concretizam Explodo em lágrimas após cada – previsível – perda quando não, resignada, sorrio Mas jamais me esqueço de retornar ao caminho porque a verdadeira viagem nunca é de ida e sim de volta, como a de Ulisses Ana Guimarães