De volta à caixa de abelhas
...Pergunto-me se me esqueceriam,
se eu abrisse as portas
e me afastasse e virasse árvore...
Sylvia Plath
Com zelo e alguma tristeza, guardo coisas:
cartas antigas, fotos antigas, calendários.
Se me perguntarem a razão, direi que sei, direi que um dia [saberei...
Há quase um ano aguardo notícias importantes,
dentro desta caixa de abelhas.
Todas as noites, o carcereiro chega,
põe sua cabeça na pequena grade e ri.
Amanhã mesmo deixo esta coisas, esta caixa.
É algo que assumo cuidadosa, como se soubesse que não vou [voltar,
como se conhecesse o rosto que se oculta,
ou como se mentisse, quando sinto que sei.
Ontem mesmo o carcereiro esqueceu-se de vir.
Minhas lembranças zuniram tontas,
entre as paredes desta caixa,
doloridas de saudade.
Kátia Borges
Publicado em 20 de Julho de 2009