...Pergunto-me se me esqueceriam, se eu abrisse as portas e me afastasse e virasse árvore... Sylvia Plath Com zelo e alguma tristeza, guardo coisas: cartas antigas, fotos antigas, calendários. Se me perguntarem a razão, direi que sei, direi que um dia [saberei... Há quase um ano aguardo notícias importantes, dentro desta caixa de abelhas. Todas as noites, o carcereiro chega, põe sua cabeça na pequena grade e ri. Amanhã mesmo deixo esta coisas, esta caixa. É algo que assumo cuidadosa, como se soubesse que não vou [voltar, como se conhecesse o rosto que se oculta, ou como se mentisse, quando sinto que sei. Ontem mesmo o carcereiro esqueceu-se de vir. Minhas lembranças zuniram tontas, entre as paredes desta caixa, doloridas de saudade. Kátia Borges